viernes, 17 de enero de 2020

7 de noviembre, 2019. Artículo en Mídia Ninja

En Lisboa conocimos a Verena Guimarães que nos acompañó en el Coloquio Malcolm Lowry y en la presentación del libro de Daniel Leuwers. Ella escribió un artículo sobre el Encuentro y La Cartonera, que les compartimos aquí (en portugués).

Um pouco do México em Lisboa

Celebrando a morte, o XIV Encontro Internacional Malcolm Lowry teve início em 30 de outubro de 2019, com intensa programação na Biblioteca Camões, em Lisboa, neste mesmo dia e no dia 31, e terá seu encerramento na Casa da América Latina em 8 de novembro de 2019.
Tradicionalmente a celebração em honra aos Mortos no México se dava por três dias: 31/10, 1/11 e 2/11, nas mesmas datas em que se celebrava o Samhain, pelos Celtas, como a festividade que marcava o início do inverno. Apropriadas pela Igreja Católica, estas datas se dividiram em Dia de Todos os Santos (1/11) e Dia dos Finados (2/11), enquanto que o dia 31/10 ganhou ares caricatos e comerciais e atualmente é conhecido como o Dia das Bruxas. Hoje, a Santa Morte é celebrada em 2/11 no México e aborda temas considerados tabus pela cultura ocidental europocentrista contemporânea, como a vida após a morte, celebração de ciclos da Natureza, história oral, compreensão da dualidade da existência sem classificação moral ou juízo de valor e sua consequente inconsciente hierarquização do arquétipo masculino sobre o feminino. A Morte, a sombra e a inevitabilidade do Destino são cultuadas amplamente neste dia.
Malcolm Lowry foi um escritor nômade, nascido na Inglaterra. Considerado o precursor do realismo-mágico na literatura, seu livro mais famoso, publicado em vida, “Under the Volcano”, (“Debaixo do Vulcão”, em português), de 1936 em diante, foi a estrela do Encontro Internacional. Trata-se de um romance semi-autobiográfico que narra o reencontro trágico entre um ex-cônsul britânico com tendência ao alcoolismo e sua ex-mulher no Dia dos Mortos na cidade de Cuernavaca, no estado de Los Morelos, no México. A frase “Não se pode viver sem amar” é recorrentevna referida obra. Seu trabalho literário é permeado por mistérios e sincronicidade.
A conferência contou com a presença de acadêmicos e artistas na programação, que incluiu leituras comentadas, exibição de filmes, pausas para consagrar o mescal e charlar, bem como uma programação interconectada: a apresentação da Editora La Cartonera, que, inclusive, está a fazer uma convocatória para que escritores indígenas publiquem livros em suas línguas nativas, em 2/11, na Livraria Tigre de Papel em Lisboa; exposição de 32 editoras cartoneiras (editoras alternativas que veiculam escritos raros de pessoas marginalizadas pela sociedade capitalista, com temáticas sócio-políticas e mitológicas e capas recicladas, muitas vezes pintadas à mão) de 15/10 a 8/11 na Casa da Esquina em Coimbra; exibição do filme de longa-metragem homônimo ao livro, realizado em 1984 por John Huston em 5/11 na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa; e a exposição de gravuras inquietantes, inspiradas nos cenários no qual se ambienta o livro ou por onde Malcolm Lowry passou durante sua estadia em Cuernavaca quando o escrevia, “Paralelo 19”,do artista plástico e ativista mexicano Alejandro Aranda, que contou com um altar tipicamente mexicano com a presença de uma Catrina e tem entrada gratuita até 8/11 na Biblioteca Camões, em Lisboa.
Levantar temas interdimensionais e interculturais como assim o está a ser feito nesta programação, em um país europeu de tradições conservadoras, como o é Portugal, é um passo em direção ao respeito a pontos de vista e percepção diversos do que é considerado real e à valorização de culturas amplamente subjugadas e desmerecidas pelo universo ocidental considerado razoável, que hoje impera através da estrutura capitalista e materialista na qual estamos inseridos e que tenta nos domar à todos, os que não pertencemos ao 1% que concentra a maior parte do capital na Terra.
Dentre os participantes do Encontro, destacam-se:
- Nayeli Sánchez Guevara (MX): Integrante do editorial La Cartonera, que publica livros provocadores e informativos em español, francês e em línguas nativas advindas da língua Nahuatl.
- Dany Hurpin (FR): geobiólogo, fotógrafo, artista plástico, escreve para jornais e revistas. É co-fundador da editora La Cartonera e integra o coletivo Fundação Malcolm Lowry.
- Óscar Menéndez (MX):: Artista visual, é fotógrafo do Museu Nacional de Antropologia e História, realizou mais de 60 documentários e 3 filmes sobre as lutas estudantis de 1968 (o que lhe custou o exílio). Também integra o coletivo.
- Marcelo Teixeira (PT): Diretor das Edições Parsifal e pesquisador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é arqueólogo licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Integra o coletivo.
Autor das obras expostas nas fotos (exposição de gravuras):
- Alejandro Aranda (MX): Gravador e pintor. Esteve ao lado de inúmeros movimentos sociais independentistas no México. Sua obra evoca tradições, lendas, temas mitológicos e sócio-políticos.

Além dos supracitados, participaram da conferência também:

- Ana Isabel Soares (PT);
- Alberto Rebolo (MX);
- Ana Cristina Leonardo (PT);
- Daniel Leuwers (FR);
- Emiliano Menéndez (MX)
- Félix García (MX);
- José Agostinho Baptista (PT);
- José Mário Silva (PT);
- Lauren Mendinueta (COM);
- Manuel da Silva Ramos (PT);
- Maria João Cantinho (PT);
- Mário de Carvalho (PT);
- Mercedes Pedrero (MX);
- Miguel Martins (PT);
- Nigel Foxcroft (ING);
- Pedro Almeida Vieira (PT);
- Stephen Cooper (EUA).

Fotos e Texto : V. G.
  









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